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Quercus robur L.
Um dos representantes da vegetação secular de Portugal… que urge preservar.
A madeira de Carvalho-alvarinho, para além de dura, é de grão fino e apresenta anéis de crescimento bem demarcados, possuindo um conjunto de características visuais, físicas e mecânicas que a tornam muito apreciada para vários usos. É deveras resistente, tendo sido muito utilizada na construção de edifícios medievais e na construção naval. É considerada como das mais valiosas madeiras duras, óptima para marcenaria, torneados, parquetaria de revestimento e tanoaria de envelhecimento. Todas estas características levaram a uma procura e preferência por parte dos europeus pela madeira de carvalho-alvarinho, o que em muito contribuiu para o desaparecimento de vastas áreas deste carvalhal na Europa.
Muitos dos bosques de carvalho foram reduzidos pela força do homem a áreas de cultivo ou pasto – pois o carvalho é um excelente criador de solos devido ao facto de ser uma árvore de folha caduca e de estar associado a zonas húmidas –, cortados para madeira ou mesmo substituídos por outras espécies florestais (pinheiro-bravo, eucalipto). Agressões sucessivas, nomeadamente através do fogo e do pastoreio excessivo, conduziram ao longo do tempo ao desaparecimento dos carvalhais.
Por volta de 1502, por carta régia, foi proibido o abate de sobreiros e azinheiras, devido à utilidade destas duas espécies de carvalhos como fornecedores, respectivamente, de cortiça e bolota comestível, o que levou ao abate massivo dos carvalhais de carvalho-alvarinho para a construção das naus portuguesas, tendo-se derrubado mais de 5 milhões de árvores.
É uma das espécies de carvalhos nativos com maior longevidade.
Um bosque de carvalho é uma importante herança natural, de elevado valor ecológico, económico, social e paisagístico, permitindo optimizar o conjunto das funções ecológicas, produtivas e sociais, com vantagem no processo de desenvolvimento da gestão florestal sustentável, pelo reconhecido valor das suas múltiplas funções e qualidade. Os carvalhais de Carvalho-alvarinho estão entre os ecossistemas cuja riqueza faunística é mais elevada em Portugal continental, possuindo uma grande importância no que respeita à conservação da natureza.
A sua área de distribuição natural abrange grande parte da Europa, desde a costa Atlântica até aos montes Urais, incluindo a Norte as ilhas britânicas e Escandinávia e, a Sul, a península dos Apeninos, Macedónia e Cáucaso. A Península Ibérica corresponde ao limite sudoeste da sua distribuição, encontrando-se nas zonas com maior influência climática atlântica. Em Portugal distribui-se essencialmente pelas regiões do noroeste português, abrangendo as províncias do Minho, Douro Litoral e Beira Litoral.
O Carvalho-alvarinho apenas começa a produzir fruto em abundância e qualidade a partir dos 60 anos sendo que ao longo da sua vida, uma árvore de carvalho pode produzir mais de 3 milhões de bolotas, em que para a disseminação das sementes conta com a ajuda de aves como o Gaio, entre outros animais. A sua bolota foi muito utilizada na alimentação antes do período das Descobertas, sendo que a população deste extremo ocidental da Europa, que não conhecia o trigo, comia um pão feito de farinha de bolota, para além das suas aplicações medicinais.
In Jornal Quercus Ambiente, em 20/05/2010
O professor,
António Carvalho
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